CINEASTA SILVIO TENDLER SOFRE CONSTRANGIMENTO CAUSADO PELO CLUBE MILITAR

Em uma cadeira de rodas, o cineasta Silvio Tendler compareceu ontem à 5ª Delegacia de Policia, no centro do Rio, para depor em inquérito sobre sua participação em manifestação ocorrida na porta do Clube Militar no dia 29/03, quando os militares celebravam os 48 anos do golpe militar de 1964. Naquela data, Tendler se recuperava de uma cirurgia de descompressão da medula. “Eu estava em casa, tetraplégico. Não tinha condição. E eles me acusam de ter pego em paus e pedras”, afirmou. Na ocasião, houve um tumulto generalizado e agressões entre policiais, militares e manifestantes na avenida Rio Branco. O inquérito foi aberto a partir de queixa-crime feita pelo Clube Militar. O cineasta é acusado de constrangimento ilegal. 

Ao chegar à delegacia, Tendler foi saudado por cerca de 50 manifestantes que, com cartazes com fotos de desaparecidos políticos, entoavam gritos como “o Silvio Tendler é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo”. 
 – Eu expus a minha situação, que não tinha a menor condição de ter estado ali naquela manifestação. Foi claramente uma atitude de vingança dos militares pelos filmes que fiz contra a ditadura – afirmou Tendler, que foi à delegacia de cadeira de rodas. Participaram da manifestação representantes de entidades como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Carlos Eduardo Cunha Martins Silva, advogado que acompanhou o depoimento do cineasta, disse que estuda entrar com uma ação contra a presidência do Clube Militar, que seria a autora da acusação de constrangimento ilegal contra Tendler.

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