"1964": ditadura militar e resistência

A força e o arbítrio estabeleceram-se como forma de governo. A censura suprimiu a liberdade de expressão e asfixiou a capacidade criativa de intelectuais, artistas e do povo brasileiro. A repressão política foi seguida de tortura e a violência tornou-se prática de Estado. Foram os “Anos de Chumbo”, período entre 1964 e 1985 em que vigorou no Brasil a ditadura  civil-militar.

Mas também houve a resistência. Através da arte, os ideais de liberdade e os gritos de denúncia e de contestação à ordem imposta foram difundidos por todas as paragens, dentro e fora do território nacional. A defesa da democracia, que ganhava forma por diferentes meios de luta e mobilização, era impulsionada e difundida em canções, peças de teatro, artes visuais, poemas e textos literários.

Este cenário de opressão e resistência é o tema da peça “1964”, encenada pela Cia. Artística Plugado! e que será apresentada durante a I Conferência Internacional pelo Direito à Convivência Familiar e Comunitária, que contará com a presença da Ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário. O encontro acontece terça-feira (28), no Recanto Park Hotel, sendo promovido pela entidade de acolhimento Aldeias Infantis SOS e a o colegiado Rede Proteger.

Formada por adolescentes e jovens, “1964” é baseada nos conceitos de dança contemporânea, agregando intervenções da cultura hip hop, como o break e o poping. A montagem, que tem coreografia de Michelle Oliveira e Raphael Eduardo, assenta em canções de cantores, intérpretes e compositores que vivenciaram o período do regime fardado e expressaram pela arte a necessidade de reposição do ordem constitucional e democrática.

A Cia. Artística Plugado! é resultado do projeto Plugado – Canais Ligados na Cultura!, iniciativa de arte, cultura e educação realizada por meio da parceira entre a associação cultural Casa do Teatro e a Itaipu Binacional, com o apoio institucional da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e do Núcleo Regional de Educação, órgão da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

“Além do resultado artístico, a peça de dança “1964” é um convite ao debate e à reflexão entre jovens e adolescentes sobre a recente história política e social do país. No contexto de atuação da Comissão da Verdade, a produção artística inscreve-se entre as iniciativas da sociedade civil em favor da instauração da verdade e da justiça sobre os casos de violação dos direitos humanos ocorridos durante o regime militar”, reflete Rosangela Rocha,coordenadora do projeto.

O projeto Plugado! recebeu o Prêmio Nacional de Neide Castanha em Direitos Humanos, edição de 2011, na categoria “protagonismo de crianças e adolescentes”. Entre outras titulações, também é certificado como sendo uma tecnologia social reaplicável pela Fundação Banco do Brasil.

CONFERÊNCIA – Formada por debates, oficinas e apresentações de trabalhos, a I Conferência Internacional pelo Direito à Convivência Familiar e Comunitária irá reunir gestores públicos, profissionais e voluntários de organizações sociais e beneficiários de programas dos três países da região trinacional.

O evento tem por objetivo difundir sobre a importância de se investir e assegurar a convivência familiar e os direitos de crianças, adolescentes e jovens que vivem na região de fronteira entre a Argentina, Brasil e Paraguai. Durante o encontro, o projeto Aldeias Infantis SOS irá lançar a ação “Pipas do Iguaçu – Voando alto pelos direitos da crianças”, que visa à mapear as oportunidades locais e mobilizar vários segmentos para o desenvolvimento de iniciativas voltadas a 300 crianças e 85 famílias em condições de vulnerabilidade social.

(Casa do Teatro)