Liberdade já para os presos de Curuguaty


As entidades políticas e sociais, de direitos humanos, vem através desse abaixo-assinado tornar público sua irrestrita solidariedade ‘as camponesas e camponeses presos após o massacre no assentamento Marina Kue, no Departamento de Canindeyú, município de Curuguaty, República do Paraguai. Passados nove meses dos acontecimentos está claro que, em 15 de junho de 2012, foi montada uma ardilosa confrontação entre agentes policiais e famílias camponesas, consequência do constante processo de criminalização dos movimentos sociais no Paraguai. Francos atiradores dispararam armas automáticas acertando policiais e camponeses.


Um Relatório da Plataforma de Estudos e Investigações de Conflitos Camponeses mostra claramente por meio de vídeos e fotos de que não existem provas legais que justifique a prisão dos camponeses. Esses não aparecem nas imagens e fotos do confronto. As fotos e os vídeos desmentem a suposta emboscada camponesa, pois na recepção aos policiais havia somente mulheres e crianças, ninguém possuía armas de fogo, todos os camponeses estavam desarmados.

Ainda segundo o relatório, o tipo de disparos, seus sons e os ferimentos por eles produzidos demonstram a utilização de armas de grosso calibre, pistolas automáticas, que nunca foram encontradas no acampamento nem apreendidas com os camponeses. No assentamento foram encontradas somente escopetas velhas, e só uma delas havia sinal de disparo.

O resultado dessa trama, que envergonha a humanidade, foram as onze mortes de camponeses e sete mortes de policiais, ocorridas no local. Após os acontecimentos foram encaminhadas de forma atabalhoada as prisões dos camponeses que sobreviveram ao massacre. De imediato e atropelando direitos universais foi condenado um adolescente de 17 anos R. A. B. C., detido em data posterior ao massacre, sendo vítima de brutais torturas por parte da policia nacional. Alem da prisão de Fani Olmedo e Dolores López, presas políticas no presídio regional da cidade de Coronel Oviedo, com 5 e 7 meses de gravidez.

Curuguaty reedita em pleno século XXI, planos astutos, verdadeiros embustes acobertados por uma imprensa venal e um judiciário atrelado aos partidos tradicionais, sendo uma forte expressão da burguesia golpista do Paraguai.

 Os mortos e catorze presos de Curuguaty são vítimas de um sistema estruturado pelo latifúndio, pautado na desigualdade social e concentração de renda, que sustenta políticos corruptos que sobrevivem graças ao atraso e a exploração do homem pelo homem.

Pelos motivos expostos e para que se faça justiça, apelamos pela imediata libertação de Ruben Villalba, Néstor Castro e os demais doze camponeses que se encontram presos.

Foz do Iguaçu, 09 de março de 2013

* Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu
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Casa da América Latina

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Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná – Subseção Foz e Região

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PCB (Partido Comunista Brasileiro)
* PSOL (Partido Socialismo e Liberdade)

Acervo de links para a analise do caso:

Massacre de Curuguaty, Ruben Villalba como líder camponês
Entrevista a Ruben Villalba feita pela JCP (Juventud Comunista Paraguaya) Antecedentes, caso Curuguaty e messagem a familiares e presos políticos
http://www.yout ube.com/watch?v=70t_bCAcL-g
http://www.youtube.com/watch?v=Jx1irkGJkBE
http://www.youtube.com/watch?v=s1nyMLjJUDU

Opinião da imprensa paraguaia.

• Documentário independente da jornalista paraguaia Daniela Candia Abbate, sobre o massacre 

Manifesto de apoio internacional, desde Madrid