Roda de Conversa debate Direitos Humanos e Políticas Públicas para Travestis e Transexuais

Em junho de 2015, o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu em parceria com o EPID – Espaço Iguaçuense da Diversidade realizou a Pré-Conferência conjunta de Direitos Humanos e Políticas Públicas para LGBT. Essa pré-conferência antecedeu as Conferências Municipais de Direitos Humanos e LGBT que aconteceram no fim daquele mês, nos dias 29 e 30, respectivamente.

Os encaminhamentos da pré-conferência e das conferências em si, apontaram para a necessidade em debater com a sociedade para a desconstrução de preconceitos. Com tais objetivos em mente, a nova diretoria do Centro de Direitos Humanos, através da presidenta Cristina Blanco, da tesoureira Olívia Araújo, do secretário Jhonatan Vieira, do diretor de comunicação Samuel Cassiano e da estagiária Karen da Rosa, buscou organizar uma Roda de Conversa propondo um diálogo na sociedade sobre direitos humanos e políticas públicas para travestis e transexuais.

Esse grupo é o mais vulnerável da comunidade LGBT e suas pautas são bastante distintas da dos gays, lésbicas e bissexuais, como frisou durante o debate a educadora Milena Branco, uma das ativistas convidadas pelo CDHMP para articular o debate. A ativista Samyra Padilha também foi convidada para o debate, garantindo que o Centro de Direitos Humanos pudesse fazer uma ampla discussão sobre o tema e garantir que estas pautas e demandas sejam incorporadas pela entidade.

Logo após a abertura do evento, a diretoria do Centro de Direitos Humanos fez a leitura de uma Nota de Repúdio às agressões sofridas pelo grupo Afoxé Ogún Fúnmilaiyó, vítima de intolerância religiosa. Após a leitura da Nota, o debate teve início discutindo prostituição, educação, saúde e preconceito.

Milena destaca que as pautas da população trans são distintas e devem ter maior importância e visibilidade.
A Roda de Conversa debate prostituição, acesso à educação, políticas de saúde e preconceito.

 

 

 

 

 

 

 

 

Histórias de vidas marcadas pelo preconceito.

Participaram do evento 30 pessoas, dentre elas estudantes, professoras e professores, jornalista e psicóloga. A parte mais rica da conversa foi quando as convidadas compartilharam suas histórias de vidas que em comum tinham sempre a marca do preconceito. Foi um momento de muita aprendizagem com as dificuldades com que cada uma delas enfrentou.

Diva Santos que também esteve presente no evento, relatou que durante sua adolescência enfrentou tanto preconceito e inclusive agressões físicas por parte dos alunos do colégio que frequentava que ela se viu obrigada a abandonar os estudos. O apoio principal veio de uma psicóloga que lhe ajudou a superar as discriminações e a assumir a identidade que ela se identificava.

Já Perola Takihara embora tenha completado os estudos, viu as portas do mercado de trabalho fechadas devido ao preconceito. Também Milena Branco compartilhou suas experiências pessoais dizendo que sofreu com a discriminação durante seus estudos e mesmo depois de formada.

Adriana Byttencur levantou a questão do preconceito na área da saúde. Em fins de 2014 ela sofreu um acidente e durante o tempo em que esteve internada teve sua identidade desrespeitada pelos profissionais da saúde.

Fernanda Ferrary, Kimberly Andrade e Lorrayne Saling também contribuíram com o debate e compartilharam suas histórias de vida. Ficou nítido para todas as pessoas que participaram da Roda de Conversa o descaso do poder público em garantir que travestis e transexuais tenham seus direitos garantidos e respeitados.

 

Encaminhamentos.

A Roda de Conversa foi encerrada com importantes encaminhamentos de ações práticas para garantir direitos e oportunidades para as travestis e transexuais de Foz do Iguaçu. Membros da APP-Foz – Associação dos Professores do Paraná em Foz do Iguaçu apresentaram a proposta de um curso de Formação e estudantes da UNILA mencionaram o cursinho preparatório para o ENEM que a universidade mantém.

Proposta de criação de um grupo de trabalho dentro do CDHMP

A diretoria do Centro de Direitos Humanos propôs a criação de um  grupo de trabalho e as travestis e transexuais presentes sugeriram o  nome de Samyra para coordenadora. A partir de uma coordenação  própria vinculada ao CDHMP, pretende-se discutir a questão de  políticas públicas diretamente com as secretarias de educação e de  saúde do município, o que é imprescindível para a implementação de  políticas específicas que atendam as demandas de todas as travestis e  transexuais residentes em Foz do Iguaçu.

Após cerca de quatro horas de muito debate, os participantes agendaram para o dia 20 de fevereiro uma reunião para discutir a efetivação dos encaminhamentos propostos. O colegiado do Centro de Direitos Humanos que se reúne em assembleia no próximo dia 06 de fevereiro será consultado a respeito das propostas e qual a melhor forma que poderá contribuir com estas pautas.

O evento foi encerrado às 20:00 horas…
… e terá continuidade no dia 20 de fevereiro

 

 

 

 

 

 

 

 

Samuel Cassiano –