Morre Eunice Paiva, protagonista na luta contra a ditadura

Por: Giuliano Galli

Viúva de Rubens Paiva, político desaparecido em 1971, Eunice tinha 86 anos e deixa cinco filhos.

Símbolo da luta contra a ditadura, Eunice Paiva morreu nesta quinta-feira, 13 de dezembro de 2018, em São Paulo. Ela convivia há 14 anos com alzheimer e tinha 86 anos. Deixa cinco filhos: Marcelo, Veroca, Eliana, Nalu e Babiu.

Eunice teve papel central na busca por informações sobre o paradeiro de Rubens Paiva, ex-deputado desaparecido depois de ser preso, torturado e assassinado pela ditadura militar nos porões do DOI-CODI no Rio de Janeiro entre os dias 20 e 22 de janeiro de 1971.

Estudou Direito na tradicional universidade Mackenzie, já depois da viuvez. Conciliava a vida de mãe e de pai de cinco filhos com a rotina estudantil. Tornou-se advogada e se engajou em lutas sociais e políticas, como as causas indígenas, nos anos 80 e 90.

Eunice Paiva é uma das personagens do Heroínas dessa História, projeto que o Instituto Vladimir Herzog está realizando para dar visibilidade às trajetórias de mulheres que tiveram seus familiares mortos pelas mãos armadas do Estado e que fizeram de suas vidas uma constante luta por memória, verdade e justiça.

O Instituto Vladimir Herzog lamenta profundamente a morte de Eunice e manifesta toda sua solidariedade à família, em especial aos filhos Marcelo e Veroca. Talvez não por coincidência, Eunice morre no dia em que a promulgação do AI-5 completa 50 anos: um protesto de quem nunca deixou de lutar por um país democrático, mais justo e que garanta o direito a memória e justiça a todos os seus cidadãos.

O velório começa hoje à noite, a partir das 19h, no Funeral Home (R. São Carlos do Pinhal, 376). Amanhã, no Cemitério do Araçá (Av. Dr. Arnaldo, 666), acontece o enterro.

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