Espaços de Coexistência e Transformação

Por Isel Talavera

coexistencia
Núcleos de Trabalho e Pesquisa no Centro de Direitos Humanos e Memória Popular

Convido a todos a pensarmos nas potencialidades latentes de cada ser, nas intenções e desejos individuais que brotam como de uma nascente do interior de cada um de nós, perpassa  fluindo nas correntezas de uma ação coletiva e desagua no fortalecimento conjunto quando encontramos o outro ao nosso lado, e conseguimos conjugar o verbo “podemos” no plural. O verbo que retirar-se do papel é materializado por esse sujeito latino-americano que gosto de sentir e apoiar: nosotros: nós e os outros, intrínsecos, conectados, vinculados…

Além deste convite, quisera eu, de sua mão levá-lo ao tempo para relembrar ações e humanistas que criaram este espaço coletivo que é o Centro de Direitos Humanos em Foz do Iguaçu. O CDHMP fundado desde maio de 1990 tem sido atuante na sociedade iguaçuense e consolidado pelos sonhos, persistências, audácias e compromissos de idealistas como Aluízio Palmar, Padre Carlos Sosa, Mano Zeu, Tathiana Guimarães, Alexandre Palmar, Danilo Georges, Osmar Gebing, José Elias Aiex, Oilvio dos Santos e tantas outras pessoas inspiradoras e ativistas que ajudaram a edificar esta historia coletiva.

E nas ondas deste mar de historias, ora marés altas, ora calmaria de águas tranquilas, em outrora de tempestades e tormentas sociais, e maresias de tranquilidade é que o fluxo e contrafluxo das aguas da vida se encontram. Neste cenário da Tríplice Fronteira, em meio à constantes denuncias de violações de direitos humanos, atentados contra a vida, machismo, homofobia, xenofobia, violação de direitos trabalhistas e sociais é que as ondas se renovam com novas forças de (r)existências, vontades e utopias por uma sociedade mais equitativa. Uma sociedade não do “ter”, um lugar diametralmente oposto à sociedade descartável, mas sim uma comunidade – uma comum unidade – do ser, pois acredito que somos e podemos ser do tamanho de nossos sonhos.

E nestes afluentes de desejos sólidos que se nutrem, se renovam e renascem temos pequenas vitórias e grandes alegrias para celebrar em novos aniversários. Agora nestas próximas semanas, o CDHMP comemorará seus jovens 25 anos, e nesta andança grupal, mergulhados em tantos desejos de transformação, revolução, no intento de mudar petrificados paradigmas sociais pautados pelo egoísmo, pela propriedade privada, pelo descarte e consumismo, ainda conseguimos manter e renovar a chama acessa da integração dos povos, da solidariedade comum, do senso coletivo, da emancipação.

E temos muito para comemorar, realizar e continuar sonhando. Desta caminhada ousada ou marejar desafiador que o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular velejou, vemos  recentemente a criação do Fórum Permanente pela Paz, a conquista do Ponto de Cultura com o projeto “Comunicação, Saberes e Arte para a Paz”; demonstrações da consolidação dos propósitos do Centro: promoção e defesa dos direitos humanos, econômicos e culturais e  atividades contínuas que sensibilizem pessoas e entidades para a defesa e garantia dos direitos.

Espaços de Diálogos Horizontais

Fernanda Chan,  Fernanda Bento e Isel Talavera.
Fernanda Chan, Fernanda Bento e Isel Talavera.

Nesta nova etapa de conquistas, mas também de críticas e autocríticas construtivas é que decidimos criar espaços de coexistências, espaços de transformação que possam multiplicar ações e projetos. Ao dispor de espaços de criação, é a criatividade que flui e materializa novas aspirações, espaços que criam impacto e experiências. Nessa direção, estreitamos parcerias com a Universidade da Integração Latino-Americana, nos cursos de Historia, com o acadêmico Samuel Cassiano, e Economia, com o acadêmico Henrique Lacerda, ambos os acadêmico-pesquisadores contribuindo com o CDMP. Também é valioso o laço entre o Centro e a Faculdades Anglo Americano UDC, no curso de Relações Internacionais, com as contribuições do estagio das acadêmicas Fernanda Chan e Fernanda Bento.

Nesta etapa de convênios e cooperação com instituições de ensino superior é que o espaço do Centro de Direitos Humanos ganha ainda mais vida, e permite a circulação e convivências de atitudes libertarias. É visível o significado da coexistência, co-existo somente porque o outro existe, é; e está ao meu lado para somar, para compartilhar e multiplicar.  Isso, porque sozinhos somos quase nada.

Cada acadêmico contribui com suas potencialidades e criatividades, e no mar de novas possibilidades, reconhecendo as diferenças e singularidades de cada pessoa o palco das ações é co-construído.  É no reconhecimento do outro, no reconhecer das capacidades singulares que tornamos um espaço libertário para que cada um se manifeste, se desenvolva, crie e transforme. Aqui, os atores são mais importantes que a cena, pois o espaço é edificado e pensado no plural.

 

Espaços de Coexistência e de Transformação:

Fernanda Chan, Fernanda Bento e Samuel Cassiano
Fernanda Chan, Fernanda Bento e Samuel Cassiano

 

Os Grupos de Trabalho e Pesquisa do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular está organizado por Núcleos para colaborar na própria gestão do Centro. São estes: “Memória e História”, “Projetos e Comunicação” e “Atendimento Jurídico”.

Núcleo de Memória e Historia: tem como objetivo trabalhar com a Biblioteca Popular do CDHMP, catálogos e acervos, jornais históricos, videoteca, exposições educativas e fotografias. Ainda busca traçar linhas de pesquisa na área de memória popular e historia oral de Foz do Iguaçu.

Núcleo de Comunicação e Projetos: trabalha na gestão e manutenção do Centro, com o comprometimento de idealizar e captar de novos projetos sociais e de cooperação que visem multiplicar e fortalecer ações e programas em Direitos Humanos.

Núcleo de Atendimento Jurídico: busca estruturar atendimento à minorias e grupos  vulneráveis que sofrem a violação de seus direitos, além da proposta para sistematizar denuncias acompanhar órgãos aplicadores de políticas públicas de direitos; e fiscalizar a cobrança de encaminhamentos junto aos instituições responsáveis e defensores públicos.

O resultado desta nova etapa somente o tempo revelará, mais uma coisa é esperada, o acumulo de novas experiências solidárias. Oxalá estes Grupos de Pesquisa e Trabalho se consolidem e atraiam novas pessoas que sonham e realizam uma sociedade mais equitativa em Foz do Iguaçu. Tomara que estes grupos e espaços de coexistências flua com um movimento contínuo de atração, e como um como um imã que atrai para si, de abraços abertos está sempre o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular. Também como espaço público, convida a pensar transformações de dentro, num movimento centrípeto: emanar ações que fortaleçam a sociedade em movimento e a democracia participativa.